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quinta-feira, 30 de junho de 2011


<b><i></i></b>Confie nos olhos e nunca na boca
Desde sempre me foi ensinado que existem pessoas boas e também pessoas más.
Pessoas boas tinham cara de boazinha, andavam arrumadinhas e sempre tinham palavras bonitas sobre Deus enquanto que pessoas más tinham cara de, mas, andavam sujas e maltrapilhas e não gostavam de Deus.
Meus irmãos e primos quando viam um andarilho ou mesmo um pobre trabalhador sujo e mal vestido logo corriam pra dentro de casa... eu ao contrario ficava no mesmo lugar paradinha olhando a pessoa e sentia meu coração doer dentro do peito imaginava coisas sobre a pessoa tipo será que esta com fome, sede, onde vai dormir e essas coisas na cabeça de uma criança tomam uma proporção muito maior... A droga é que sempre aparecia um dos adultos para me jogar nos ombros e correr dizendo que se eu teimasse em ficar ali o homem do saco me levaria se bem que isso nunca me assustou eu confiava no olhar desses pobres infelizes
Um dia andando pelo centro da cidade com minha mãe eu vi quando um senhor estendeu a mão para outro senhor pedindo uma esmola o outro não deu e meu coração doeu tão forte que não consegui conter as lagrimas... engoli o choro e pedi pra minha mãe uma laranja daquelas descascadas na maquina que encantava as crianças na época... ela mesmo tendo o dinheiro contado para as contas não conseguiu negar, pois sabia que eu não era de pedir nada ao contrario sempre me negava a aceitar o que me era oferecido por entender as dificuldades enfrentadas em nosso lar
ela foi lá comprou a laranja e me entregou e eu peguei a laranja com tanta alegria atravessei a rua correndo quase sendo atropelada e entreguei a laranja ao moço que pedia com os olhos e com as mãos.
Com razão fui repreendida e até levei uns safanões por ter me arriscado na frente dos carros... ainda ouvi... menina doida agora você vai ficar sem porque eu não tenho mais dinheiro pra comprar outra... mais pra mim importava mais o olhar de agradecimento do moço de olhos pidões
Em uma das inúmeras brigas dos meus pais meus tios que moravam duas casas pra frente da minha vieram intervir e eu aproveitei que esqueceram o portão aberto e sai pela rua.. devia ter na época uns quatro anos estava muito assustada com as cenas de violência em casa mais não conseguia chorar queria apenas me afastar ao Maximo de toda aquela dor que me afligia a alma
na época rua brejo alegre não tinha iluminação e como já devia ser umas sete horas da noite a escuridão começava a tomar conta e como toda criança tem medo da escuridão eu não fugia a regra quis voltar para casa e andei mais ainda para o lado contrario
Cansada sentei na calçada e senti o medo me dominando
A rua era muito deserta e sem iluminação ficava difícil alguém me ver barulhos insignificantes pareciam bombas naquele momento... Não teve jeito esqueci-me da minha marra de menina valente e chorei até soluçar foi quando ouvi uma voz me perguntando se eu estava bem... levantei os olhos para ver quem falava comigo e tive que virar totalmente a cabeça para encontrar o rosto daquele senhor de calças rasgadas com um cobertor servindo de agasalho e um saco nas costas... o senhor de barbas cobrindo o rosto estava sujo e tinha deformações nas mãos... me lembro do olhar dele era um olhar de anjo e eu não tive medo... ao contrario me senti segura com a presença dele
Esse senhor me fez algumas perguntas e me disse pra segui lo eu estendi a mão pra ele e ele me olhou com tanta ternura que eu jamais esquecerei...não entendi na época o porquê dele não ter segurado minha mão... mais fiquei muito feliz quando ele parou na porta da minha casa e disse... pronta mocinha corajosa você esta entregue
minha mãe correu até mim... me pegou no colo e todos olharam para aquele senhor como se ele fosse o próprio mal que ao invés de me trazer de volta para os braços da minha mãezinha ele tivesse me tirando deles...Minha mãe olhou pra ele com os olhos úmidos de lagrimas...não disse nada
Ninguém agradeceu ao senhor que tinha olhos de anjos
Hoje depois de tanto tempo ainda avalio as pessoas pelo olhar e não pelos trajes e muito menos por suas crenças...
Os olhos das pessoas revelam o que se passa na mente e no coração... Os olhos não mentem e nem escondem sentimentos...
Enquanto que a boca engana o tempo todo...
Ex; Minha mãe no dia da laranja usou a boca para brigar comigo enquanto que os olhos dela me contavam da felicidade e do orgulho que sentiu de mim... No dia do senhor com olhos de anjos... As palavras de gratidão não saíram de sua boca mais o olhar que ela deu ao anjo foi do mais puro agradecimento.

Um comentário:

Aristeu disse...

Uma eterna incompreendida...